sábado, 30 de julho de 2011

Dando Outro Sentido aos Sentidos

Para quê servem os nossos sentidos?
Sobrevivência. Certamente uma das respostas para a pergunta.
No entanto, existe uma função para os mesmos que todos já devem ter usado alguma vez, mas talvez nunca tenham parado para entender. Complicado? Nem tanto assim.
Em dias de chuva como hoje, por exemplo, o cheiro da água que cai nas cidades de asfalto não me traz a mesma sensação já relatada num post anterior desse blog. E existe um motivo pra isso.

Acontece que algo em nossa mente associa nossos sentidos a sentimentos, lembranças e momentos de nossa vida e quando isso ocorre da maneira perfeita, fica pra sempre. Exemplos? Vamos lá ... :)
  • Nos estudos: Até hoje o cheiro de um caderno novo me leva de volta à infância para a época da volta às aulas no primário. A timidez atenuada pelo conforto de reencontrar rostos conhecidos ou o receio do primeiro dia em uma escola ou turma nova. No segundo grau, o som do piano de Richard Clayderman que me faz achar até hoje que é o fim ou início do intervalo. Na universidade, a visão de nossas pegadas sobre o chão roxo dos brincos de viúva (ou Jamelão para quem não é daqui) já foi tema de discurso de formatura e as músicas que tocavam no rádinho de pilha do cobrador imortalizaram pra mim uma viagem de 40 minutos de uma época que nunca vai se esquecida.
  • Nos esportes: O apito do árbitro (bem diferente do silvo do guarda de trânsito que só me traz sensações ruins) e a sinfonia do atrito dos tênis deslizando pela quadra. Nosso tato sentindo o peso e a textura da bola e seu barulho característico. Seja quicando, batendo na rede, sendo chutada ou arremessada. A alegria de fazer parte de um time ou defender uma cor com aquele gosto salgado de suor deslizando por nossas têmporas até nossos lábios junto àquele sentimento de fim de batalha e dever cumprido.
  • Nas festas e celebrações: Quem nunca ouviu o termo "a nossa música"? Não é a toa que muitos a chamam da língua universal. Músicas marcaram e marcam época. Retratam décadas, ideologias e sentimentos. Hinos representam nações, canções populares fizeram a revolução, ritmos contagiantes destruíram gerações e carnavais populares e nenhuma banda pode deixar de tocar Roupa Nova no fim das festas. 
Em suma, temos hoje tantas lembranças por causa de nossos sentidos mas podemos observar que todas essas associações foram criadas de forma natural, totalmente inconsciente. Assim, proponho o seguinte: Quer ficar com um sentimento pra sempre em você? Faça uso desse poder:
Ao comprar sua primeira casa, tome um banho com um sabonete que você nunca usou;
Prove uma refeição diferente para comemorar uma promoção ou a passagem no vestibular;
Numa viagem especial, ouça uma música inédita;
Para uma sensação que você não quer esquecer, perpetue esse momento, como se o tivesse colocado em uma garrafa mágica que pode esfregada quando quiser para voltar no tempo.
E você? Tem algo especial armazenado pra sempre por causa desse poder?
Bom ... hora de ir, vamos colocar um sonzinho aqui pra lembrar de nossa última viagem. :)

3 comentários:

  1. Veio à tona em mim algumas lembranças de momentos super especiais, como: A cidade de Gramado... me vem logo a cabeça ao usar o perfume que comprei especialmente para nossa lua de mel; Richard Clayderman me lembra de seu pai, ouvimos muito quando estamos no carro dele e ele adora...; a música da Marisa Monte - NÃO VÁ EMBORA - letra que me lembra o início do nosso namoro: "E no meio de tanta gente eu encontrei você; Entre tanta gente chata sem nenhuma graça você veio!" Que bom poder relembrar para sempre de tantos bons momentos ao seu lado.

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  2. Um cheiro não muito agradável era aquele dos fertilizantes de cana entre a Ufal e o aeroporto, um odor sempre associado ao final do ano e início do próximo trimestre. Estranhamente, é um cheiro que sempre associei ao aeroporto, visto que coincidiam com o mês de janeiro, data usual das viagens à São Paulo.

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  3. Tenho muitas lembranças que ficaram sem um gatilho (pelo menos explícito) que me transportasse ao passado. O interessante é que estas lembranças não são tão intensas como aquelas disparadas por um ou vários sentidos. Tem uma música da Marisa Monte que não lembro qual é, mas quando a escutar serei transportado para o banco traseiro de uma Kombi lotação, 18 anos atrás por volta de 1:00 da manhã, sentido o frio da madrugada e o cansaço de um turno de trabalho pesado. Máquina do tempo (read-only).

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