domingo, 7 de abril de 2013

Quando a "!" Vazia e os "( )" Cheios se Encontraram

De repente, numa daquelas noites quentes e abafadas em seu "apertamento", o Parênteses entediado com sua vida tão cheia de pausas e indecisões decidiu sair por aí. Naquele mesmo momento, do outro lado da cidade, Exclamação saíra há tempos de casa. Vivia intensamente milhares de sentimentos sem tempo sequer de digerí-los de forma adequada. Num mundo cheio de Interrogações, ninguém conseguia derrubar a linda e esfuziante Exclamação. Quando ela chegava com seus cabelos vermelhos, soltos ao vento e sorriso perfeito refletindo o luar, todos os parágrafos mal intencionados do mundo paravam de tomar suas cervejas para desejá-la. Já o Parênteses, totalmente fora de forma, lutava constantemente para não ser apagado no meio da prosa e sonhava até mesmo em ser usado um dia por uma bela e sonora poesia.

Parênteses tinha muitos parentes (e amigos também) mas não se identificava muito com eles. Eram todos, em sua grande maioria, vírgulas complicadas e cheias de pantim. Ele estava cansado disso. Queria correr de olhos fechados sem medo de tropeçar, descer de cabeça pra baixo numa cachoeira de letras ou simplesmente tomar banho naquelas biqueiras numéricas que se formam dos telhados das casas quando chove torrencialmente. Exclamação tinha todas as frases do mundo a sua disposição. Não suportava o silêncio. Chorava muito quando ele vinha abraçá-la e por isso corria sempre de encontro ao desconhecido no intuito de esconder ou esquecer que precisava de um texto mais profundo em sua vida, já há algum tempo.

Na praia. No meio da noite. Foi assim que eles se conheceram. Uma festa aberta rolava na areia (daquela que assovia quando pisamos) com DJs alternando reggae, música eletrônica e a devastadora swingueira que apedreja sem pena os corações. Tinham um amigo em comum. Hífen, muito famoso por ligar elementos compostos os apresentou. A sintonia foi automática. Deram um ao outro o que tinham de melhor. Exclamação ficou menos intensa mas muito mais cheia de vida e não se sentia mais vazia por dentro. Parênteses não estava mais cheio de preocupações e sua timidez nem parecia ter existido um dia tamanho era o seu charme e desembaraço. Conversaram com os olhos, se tocavam o tempo todo com palavras e as horas da noite, que antes passava mais lentamente que o fim de um TCC, voaram mais rápido que a leitura de um folder.

Enfim nascia o sol mas nem precisava. Eles juntos tinham luz própria. Depois que se despediram, foram andando em direções opostas quando Parênteses lembrou que faltava algo. Voltou em sua direção e gritou para Exclamação, notando que ela já tinha virado também.
- Esqueci de uma coisa. Disse ele, coçando a cabeça.
- O quê? Respondeu ela já descalça, segurando as sandálias surradas numa das mãos.
Ele nem precisou dizer nada. Abriu os braços com toda força porque todo Parênteses adora um abraço. E ela, como toda Exclamação, correu com toda a sua energia e paixão, pulando no vazio para se encontrar com seu corpo, dando aquele tipo de abraço que ninguém pode esquecer. No meio do beijo que iluminava ainda mais a manhã, curiosos passavam olhando e se perguntando: Será mesmo possível juntar Parênteses e  Exclamação numa mesma frase?
Vai saber ...


4 comentários:

  1. Essa tal de exclamação, por acaso se chama... VIDA?

    ResponderExcluir
  2. (!)...(!!)...(!!!)
    Parabéns, meu amigo. Muito gostosa a leitura. Abraços belo-horizontinos ;)

    ResponderExcluir
  3. Oi Erikaaa! Seus parênteses tão bem de exclamação não é? rsrsrs Abraços Maceioenses pra vc! ;)

    ResponderExcluir
  4. Adorei a postagem Dé... Aliás adoro todas elas, mas sou meio que suspeita para falar disso não é? Beijão ;***

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...